Golden Four Asics 2013 Brasília - meu relato

Os primeiros 21km correndo foram em abril desse ano. Novamente na Golden Four Asics, mas agora no Rio de Janeiro. Foi uma experiência única. Me emociono até hoje quando leio o relato que escrevi na época.

Além da estreia nos 21km, foi a primeira prova que corri "sozinho". Até aquele dia corrida para mim era sinônimo de festa com os amigos, sempre tiveram outros correndo a prova junto. Coube a minha esposa a tarefa de suportar sozinha o marmanjo aqui ainda emocionado e falando o tempo todo sobre a prova. 

Concluí em 1h49m13s. E ganhei um beijo da esposa ao final para comemorar.

Em 2013 a Paixão pelas Meias:

3km - Ainda inteiro

Na hora da largada desejei boa sorte para os amigos e fui  procurar um bom lugar para sair. A Praça do Buriti estava lotada de corredores, Segundo a organização tivemos algo em torno de 3.700 inscritos. Apesar da quantidade de gente e do pessoal não respeitar muito as separações por ritmo, a largada foi tranquila, passei pelo portal com 1m10s. O começo no Eixo Monumental, uma avenida bem larga, facilitou a cada um buscar seu ritmo no início.

Com o "plano A" na cabeça tentei aproveitar a descida inicial, mas sem forçar muito. Na entrada do Eixão Sul, peguei a única subida mais íngreme da prova, uma rampa de uns 100m. Passei bem pela subida e pela placa de 3km. Fui até mais rápido que o planejado. Até ali estava com 13m46s.

Conheço muito bem o percurso da prova, tinha feito um treino por lá uns 20 dias antes. Então, sabia que era no Eixão que definiria meu resultado. Os quase 6km da ida são em leve descida, mas se eu forçasse muito o ritmo não conseguiria fazer bem a volta. Fui controlando as passada pela sensação de esforço. Cheguei a ver um pouco à frente os marcadores de ritmo que levavam o pessoal que fecharia a prova em 1h40, pensei em segui-los, mas achei melhor continuar no "Plano A" por enquanto.

15km - Ensaiando uma acelerada

Cheguei à placa de 9km, pouco após o retorno do Eixão, com 43min de prova. Começaria a parte difícil. A volta não chega a ser subida o tempo todo, mas se você errar no ritmo e ir muito rápido pode ficar sem pernas para o fim da prova. No posto de hidratação tomei um gel e fui correndo como dava.

Perdi um pouco a concentração olhando muito para o outro lada da pista. Tinham vários amigos correndo e fui tentando achá-los no meio da multidão. Minha volta do Eixão não foi muito boa, fiz um pace médio de uns 5:12/km nesse trecho. Na saída do Eixão, passei pela placa de 15km com 1h14m.

Ao passar pela Catedral, ensaiei uma acelerada para ver se seria possível passar para o "Plano B". Mas, na mesma hora vi que não rolaria. Era melhor tentar garantir o sub1h45. Corri a descida da Esplanada dos Ministérios mais solto, não forcei muito até porque não dava. Ao passar pela Praça dos Três Poderes comecei a fazer as contas. Estava uns 30seg adiantado.

18,5km - Cadê minhas energias?

Os últimos kms foram complicados. Lá pelos 18,5km teve uma pequena subidinha, ao passar por baixo de um viaduto, que me deixou quase sem energia. Fiz força, mas não conseguia mais acelerar. Aí comecei a escutar um pessoal que vinha gritando e incentivando. Achei estranha tamanha animação naquela altura da prova, mas eu estava tão cansado que não consegui olhar para trás.

Meu ritmo caiu e aos poucos algumas pessoas iam me passando. Aquele pessoal animado que vinha gritando chegou mais perto e quando passaram entendi a causa da "gritaria". Eles eram um casal de marcadores de ritmo. Iam levando a galera que queria fechar a prova em 1h45m.

Na hora que vi os coletes bateu um certo desespero. Eu tinha certeza que estava pelo menos uns 30seg adiantado, não era possível que iria "morrer na praia". Eles passaram e abriram um pouco de distância. Percebi que eles se separaram, a menina que corria puxando uns balões acelerou um pouco. Entendi que ela estava marcando o ritmo para fechar em 1h45 no tempo bruto. Eu mesmo tentando não conseguia acompanhá-los.

Mas, ao chegar à placa que indicava que faltavam 500mts, vi o Gegê, meu treinador. O cara vinha de uma semana puxada de trabalho e ainda está no meio de um treinamento firme para uma prova de 50milhas, mesmo assim, participou da prova e conseguiu cravar 1h30m. Ele pegou a medalha dele e voltou para dar força aos alunos que ainda estavam correndo. Quando escutei o Gegê gritando meu nome e falando para eu acelerar eu cumprir a ordem e acelerei. Não sei de onde veio a força extra, mas fui.

Passei pelos corredores e pelo marcador de ritmo que tinham me passado. Entrei na reta de chegada gastando o restinho de energia que tinha. Passei pelo portal pulando e gritando, (saiu até um palavrão, rsrs).

Veja aí, no finzinho do vídeo, eu chegando logo após a menina com os balões

1h43m59s - Não tinha como eu ficar mais feliz. O "Plano A" foi realizado com sucesso, e o "B" era loucura, vamos tentar ano que vem .

Assim como no Rio, foi emocionante. Passando a linha de chegada e depois de receber os cumprimentos de algumas pessoas que estavam ali na dispersão, lá estava minha esposa me esperando no alambrado, e novamente ela me recebeu com um beijo. Pronto o ciclo estava fechado.